Como é trampar fora do Brasil?

Expandir os horizontes e morar em outro país nem sempre é fácil. Muito além da adaptação ao idioma e aos costumes, o impacto para um designer pode ser ainda mais intenso, já que a cultura e os códigos construídos a partir dela são instrumentos para o nosso trabalho. Quais são os desafios e ganhos dessa experiência?

Na 14ª edição da #PororocaMegalo, Gabriela Namie, diretora de arte no YouTube Music, em Nova York (EUA) e Samuel Profeta, designer gráfico que atuou na liderança criativa da Cowan, em Beijing (China), bateram um papo conosco sobre as experiências da atuação como designer no exterior.

 

Edição / Data

14ª EDIÇÃO_15.12.2020

Convidado

Gabi Namie é diretora de arte no Google, YouTube Music em Nova Iorque. Ela foi co-fundadora do Estúdio Barca em São Paulo e designer no estúdio Sagmeister & Walsh.

Sam Profeta é um designer gráfico brasileiro com foco em design de embalagens. Já desenvolveu projetos para marcas globais como Nestlé, Unilever, Heineken e Colgate. Em 2018 integrou a equipe de um escritório australiano com sede em Beijing (China).

Tags

Carreira, Trabalho remoto

Um resumo do que rolou

 

Códigos culturais X Vida Profissional
na China

“Muitas pessoas me perguntam como é ser gay na China. Não senti nenhum tipo de opressão neste sentido, mas pra um chinês isso é mais complicado. E existe um senso de hierarquia muito forte. Numa reunião os lugares eram demarcados por cargo, sentavam numa fileira: o estagiário, o assistente, o Júnior o sênior e o CEO. Depois de apresentar falava primeiro o estagiário e o por último o CEO já que é a pessoa que tem a última palavra. Isso pra gente que é latino causa uma certa estranheza.”

 

A cultura influencia no Design?

“Um certo layout era sobre maracujá, comecei a fazer o layout empolgado usando amarelo e quando fui mostrar para o atendimento ela questionou a escolha da cor dizendo que na China o maracujá é roxo”.

Trabalhando na China: Política e Design

“A china é uma ditadura comunista, isso acaba pautando todas as esferas do país, um exemplo disso é o bloqueio ao acesso de coisas comuns pra gente como Google, Facebook, WhatsApp, Instagram. Viver nessa dinâmica de censura e vigilância causa um certo desconforto.”

 

Existe diferença entre profissionais brasileiros e estrangeiros?

“Achei que um estagiário da China iria entregar igual a um do Brasil. Isso foi decepcionante por que eles estão anos-luz em termos de rapidez, senso estético, software, em tudo. Mas essa falta de jogo de cintura, de saber conversar, saber lidar contornar a situação é uma coisa que eu senti falta e que é muito típico do Brasil.”

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