Após décadas imaginando distopias, de Mad Max a Black Mirror, a humanidade se vê imersa em uma realidade digna de produções hollywoodianas. O que era ficção se tornou real. Diante desse quadro, o que surge como promessa de futuro? Nós, como designers, artistas, escritores, arquitetos, formamos as vanguardas que apontam novas possibilidades de existir, imaginando e imaginar novos mundos. E agora, em meio a uma distopia, é hora de criarmos uma nova utopia!
Na 15ª edição da #PororocaMegalo, estreamos o ano com a convidada Coral Michelin, designer ecossistêmica e doutoranda em Design (UAM), que nos propôs o exercício de pensar juntos novas possibilidades de futuro.
Pensar em distopias ou qualquer coisa que tenha a ver com catástrofe é super fácil hoje em dia, né? Distopia vem da união de duas partículas de uma palavra do grego e significa, literalmente, um “lugar ruim”, uma época, uma comunidade, uma sociedade imaginária, onde se vive de forma precária e sofrida. Já a Utopia, ao contrário do lugar ruim, é um lugar ideal, que não existe no agora, mas que pode ser construído no futuro. A palavra é atribuída a tentativas de construir modelos sócio econômicos melhores que os atuais.
Para nós, designers e criadores, um modelo que direcionou muitas das nossas ações e projetos foi o modernismo. O ideal de progresso, tecnologia, crescimento e experimentação alimentou por anos a nossa imaginação. Como é que a gente consegue imaginar um novo futuro, a partir do momento caótico em que estamos, sabendo que o sonho que nos motivou durante 100 anos (o modernismo) não existe mais? Precisamos criar essa nova imagem. É este o momento de conseguir olhar pra dentro e buscar quais são os valores que vamos compartilhar para criar essa nova narrativa, esse lugar onde vamos querer, efetivamente, chegar.