Além da marca: design autoral e de protesto

Para além do aspecto comercial, o design gráfico pode ser um campo para explorar inquietações e colocar em prática o exercício da síntese e da experimentação. Qual papel ele pode ter enquanto interface com a sociedade e suas demandas? Como o design, mesmo com um simples cartaz, pode ser uma ferramenta de transformação e impacto social?

Na 19ª edição da Pororoca, Johnny Brito, designer gráfico e ilustrador autônomo com trabalhos reconhecidos pela Bienal Brasileira de Design Gráfico, Bienal Iberoamericana de Diseño, Exposição ADG 30 anos, Latin American Design Awards e Prêmio Bornancini de Design, bateu um papo conosco sobre papéis extracomerciais do design.

 

Edição / Data

19ª EDIÇÃO_24.06.2021

Convidado

Nascido em Recife-PE e criado em São Paulo-SP, Johnny Brito é designer gráfico e ilustrador.

Atuou em projetos para grandes marcas brasileiras em escritórios como FIB Fábrica de Ideias Brasileiras e Ana Couto, desenvolveu paralelamente um trabalho mais autoral e expressivo com o Vertentes Coletivo (2016-2020) e desde 2019 é designer autônomo, atendendo clientes e agências do mercado de comunicação, games, têxtil, design e editorial.

Com 15 anos de experiência no mercado, hoje seu trabalho tem se concentrado principalmente nas áreas de identidade de marca, design de cartazes e ilustração editorial, sempre buscando uma interação dinâmica entre as diversas formas de comunicação gráfica.

Tags

Carreira, Impactos do design, Processos criativos, Produção gráfica

Um resumo do que rolou

O design é interface

Esse entendimento é muito importante pois nos liberta da visão do design como mera ferramenta visual e estratégica para o mercado. Gui Bonsiepe, designer alemão que voltou seu trabalho principalmente para a teoria do design, define a interface como o domínio central do design: “A interface revela o caráter de ferramenta dos objetos e o conteúdo comunicativo das informações. A interface transforma objetos em produtos. A interface transforma sinais em informação interpretável. A interface transforma simples presença física em disponibilidade.” Por meio do Diagrama Ontológico do Design, Bonsiepe tangibiliza nosso campo de ação:

 

Designer autor

O design é transparente e neutro ou carrega subjetividade e intenção? Em 1972, na Holanda, Win Crowel e Jan Van Toorn iniciaram o debate sobre a possibilidade do designer alterar ou não uma mensagem que tem um destinatário terceiro. O diálogo tornou-se livro, The Debate: The Legendary Contest of Two Giants of Graphic Design, e reverbera até hoje nos círculos do design gráfico.

Design sem cliente é design?

Ellen Lupton, no livro The designer as producer discute o designer como um produtor que precisa se apropriar e navegar pelo seu conteúdo para que possa produzir criticamente nos sistemas sociais, estéticos e tecnológicos.

Design + política

Chico Homem de Melo, no livro A gráfica da ação: Os cartazes desta História diz: “Se a revolução é feita nas ruas, é para as ruas que a gráfica militante deve ir: assim nasce o cartaz político.” Já Heller nos alerta sobre a responsabilidade social em contraponto ao mercado de consumo e afirma que “o designer deve ser profissional, cultural e socialmente responsável pelo impacto que seu design tem sobre a cidadania.”

“Acredito que o design é mais do que uma ferramenta visual e estratégica de promoção de marcas e negócios. Ele pode ser uma interface com as pessoas e uma poderosa ferramenta de transformação social.” Johnny Brito

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